sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O que é Valsa?


Embora conhecida desde o século XV, quando surgiu na Alemanha, a valsa só seria aprovada na Europa no início do século XIX, quando se expandiu como uma das danças de salão mais apreciadas no mundo ocidental. Foi por essa época (1808) que a família real portuguesa a trouxe para o Brasil. Gênero ternário, o primeiro a ser dançado por pares enlaçados, a valsa adquiriu formas distintas ao adaptar-se ao gosto dos países que a importaram. Assim aconteceu no Brasil, onde está presente em todos os níveis musicais, do folclórico ao erudito, destacando-se principalmente no popular.


A mais antiga notícia que se tem de valsas brasileiras encontra-se no diário de Sigismund Neukomm, músico austríaco que viveu no Rio de Janeiro entre 1816 e 1821. Lá, nos dias 6 e 16/11/1816, estão registrados a realização de uma fantasia sobre uma pequena valsa e os arranjos para orquestra, com trios, de outras seis compostas por S.A.R., o príncipe Dom Pedro. Pertenceria assim a Sua Alteza Real, o então jovem príncipe, depois Imperador Pedro I, a primazia da autoria de valsas no Brasil.



Embora viesse a se tornar um dos gêneros mais difundidos, a valsa só começou a se firmar entre nós na segunda metade do século XIX, a princípio como composição instrumental e depois, já na virada do século XX, como canção. A partir de então consolidou-se como forma preferida de música romântica, hegemonia que só veio a perder no final da década de 1940 para o samba-canção. Seu prestígio chegou a influenciar a própria modinha, que acabou adotando o padrão três-por-quatro. Fizeram valsas no século XIX compositores como Salvador Fábregas, Francisco Libânio Colás, João Batista Cimbres, Antônio dos Santos Bocot, o erudito Carlos Gomes e os grandes Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga e Anacleto de Medeiros.



Da sertaneja à carnavalesca

No século XX, a valsa está presente na obra de quase todos os nossos compositores, diversificada nos mais variados estilos. Assim, por exemplo, temos a valsa sertaneja (Saudades do Matão, de Jorge Galati e Raul Torres), a valsa sentimental, quase modinha (Caprichos do Destino, de Claudionor Cruz e Pedro Caetano), valsa cômica (Romance de uma Caveira, de Alvarenga, Ranchinho e Chiquinho Sales), a comemorativa de efemérides (Bodas de Prata, de Roberto Martins e Mário Rossi), a mística (Ave Maria, de Erotides de Campos), a carnavalesca (Nós Queremos uma Valsa, de Nássara e Frazão), a de homenagem a cidades (Tardes em Lindóia, de Zequinha de Abreu, e Valsa de uma Cidade, de Ismael Neto e Antônio Maria) e muitas outras mais.



Comprova ainda a força do gênero a existência de um período, entre 1935 e 1942, auge da popularidade dos cantores Orlando Silva, Silvio Caldas e Francisco Alves, em que dezenas de valsas se consagraram como clássicos de nossa música popular: Lábios que Beijei (J.Cascata e Leonel Azevedo), Rosa (Pixinguinha e Otávio de Souza), Deusa da Minha Rua (Newton Teixeira e Jorge Faraj), Velho Realejo (Custódio Mesquita e Sadi Cabral), Canta Maria (Ary Barroso), Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda (Lamartine Babo e Francisco Matoso)...

Finalmente, com o crescimento do samba-canção e, em seguida, a chegada da bossa nova, a valsa perdeu terreno, figurando esporadicamente na produção de nossos compositores. Mesmo assim, sobrevive em composições como Eu Te Amo (Tom Jobim e Chico Buarque) e Luíza (Tom Jobim), que Jobim chamava de "minhas francesas".


Por volta dos séculos XII e XIV, os camponeses ingleses dançavam uma dança campestre, conhecida com “country dance”, na qual descendentes de celtas e saxões executavam velhos rituais pagãos num Reio Unido já cristianizado. Durante a Guerra dos Cem Anos, a dança se espalhou pela França, com o nome afrancesado de “contredance”.




A dança perdeu o formato roceiro característico e tomou um estilo de dança nobre ou dança de corte nos principais reinados europeus. No Brasil, a dança de quadrilha, assim como era chamada em Portugal, foi trazida praticamente com a vinda da Família Real Portuguesa, em 1808.



No Brasil, durante o período regencial, a dança de quadrilha causava grande frenesi entre a alta sociedade da época, principalmente com a vinda de orquestras de dança de Millet, Cavalier e Tolbecque. A dança se popularizou e aqui ganhou várias derivações como a “Quadrilha Caipira” em Minas Gerais, o “Baile Sifilítico” na Bahia e o “Saruê” no Brasil Central.



Os comandos da dança mais utilizados são:



BALANCÊ (balancer) – Balançar o corpo no ritmo da música, marcando o passo, sem sair do lugar.

É usado como um grito de incentivo e é repetido quase todas as vezes que termina um passo. Quando um comando é dado só para os cavalheiros, as damas permanecem no BALANCÊ. E vice-versa,



ANAVAN (en avant) – Avante, caminhar balançando os braços.



RETURNÊ (returner) – Voltar aos seus lugares.



TUR (tour) – Dar uma volta: Com a mão direita, o cavalheiro abraça a cintura da dama. Ela coloca o braço esquerdo no ombro dele e dão um giro completo para a direita.



Para acontecer a Dança é preciso seguir os seguintes Passos:



01. Forma-se uma fileira de damas e outra de cavalheiros. Uma, diante da outra, separadas por uma distância de 2,5m. Cada cavalheiro fica exatamente em frente à sua dama. Começa a música. BALANCÊ é o primeiro comando.



02. CUMPRIMENTO ÀS DAMAS OU “CAVALHEIROS CUMPRIMENTAR DAMAS”

Os cavalheiros, balançando o corpo, caminham até as damas e cada um cumprimenta a sua parceira, com mesura, quase se ajoelhando em frente a ela.



03. CUMPRIMENTO AOS CAVALHEIROS OU “DAMAS CUMPRIMENTAR CAVALHEIROS”

As damas, balançando o corpo, caminham até aos cavalheiros e cada uma cumprimenta o seu parceiro, com mesura, levantando levemente a barra da saia.



04. DAMAS E CAVALHEIROS TROCAR DE LADO

Os cavalheiros dirigem-se para o centro. As damas fazem o mesmo.

Com os braços levantados, giram pela direita e dirigem-se ao lado oposto. Os cavalheiros vão para o lugar antes ocupado pelas damas. E vice-versa,



05. PRIMEIRAS MARCAS AO CENTRO

Antes do início da quadrilha, os pares são marcados pelo no. 1 ou 2. Ao comando “Primeiras marcas ao centro , apenas os

pares de vão ao centro, cumprimentam-se, voltam, os outros fazem o “passo no lugar . Estando no centro, ao ouvir o marcador

pedir balanceio ou giro, executar com o par da fileira oposta. Ouvindo “aos seus lugares , os pares de no. 1 voltam à posição anterior. Ao comando de “Segundas marcas ao centro , os pares de no. 2 fazem o mesmo.



06. GRANDE PASSEIO

As filas giram pela direita, se emendam em um grande círculo. Cada cavalheiro dá a mão direita à sua parceira. Os casais passeiam em um grande círculo, balançando os braços soltos para baixo, no ritmo da música.



07. TROCAR DE DAMA

Cavalheiros à frente, ao lado da dama seguinte. O comando é repetido até que cada cavalheiro tenha passado por todas as damas e retornado para a sua parceira.



08. TROCAR DE CAVALHEIRO

O mesmo procedimento. Cada dama vai passar portadas os cavalheiros até ficar ao lado do seu parceiro.



09. O TÚNEL

Os casais, de mãos dados, vão andando em fila. Pára o casal da frente, levanta os braços, voltados para dentro, formando um arco. O segundo casal passa por baixo e levanta os braços em arco. O terceiro casal passa pelos dois e faz o mesmo. O procedimento se repete até que todos tenham passado pela ponte.



10. ANAVAN TUR

A doma e o cavalheiro dançam como no TUR. Após uma volta, a dama passa a dançar com o cavalheiro da frente. O comando é repetido até que cada dama tenha dançado com todos os cavalheiros e alcançado o seu parceiro.



11. CAMINHO DA ROÇA

Damas e cavalheiros formam uma só fila. Cada dama à frente do seu parceiro. Seguem na caminhada, braços livres,balançando. Fazem o BALANCË, andando sempre para a direita.



12. OLHA A COBRA

Damas e cavalheiros, que estavam andando para a direita, voltam-se e caminham em sentido contrário, evitando o perigo.

Vários comandos são usados para este passo: “Olha a chuva , “Olha a inflação , Olha o assalto , “Olha o (cita-se o nome de um político impopular na região). A fileira deve ir deslizando como uma cobra pelo chão.



13. É MENTIRA

Damas e cavalheiros voltam a caminhar para a direita. Já passou o perigo. Era alarme falso.



14. CARACOL

Damas e cavalheiros estão em uma única fileira. Ao ouvir o comando, o primeiro da fila começa a enrolar a fileira, como um caracol.



15. DESVIAR

É o palavra-chave para que o guia procure executar o caracol, ao contrário, até todos estarem em linha reta.



16. A GRANDE RODA

A fila é único agora, saindo do caracol. Forma-se uma roda que se movimenta, sempre de mãos dados, à direita e à esquerdo como for pedido. Neste passo, temos evoluções. Ouvindo “Duas rodas, damas para o centro ; as mulheres vão ao centro, dão as mãos.

Na marcação “Duas rodas, cavalheiros para dentro , acontece o inverso, As rodas obedecem ao comando,movimentando para a direita ou para esquerda. Se o pedido for “Damas à esquerda e “Cavalheiros à direita ou vice-versa, uma roda se desloca em sentido contrário à outra, seguindo o comando.



17. COROAR DAMAS

Volta-se à formação inicial das duas rodas, ficando as damos ao centro. Os cavalheiros, de mãos dados, erguem os braços sobre as cabeças das damas. Abaixam os braços, então, de mãos dados, enlaçando as damas pela cintura. Nesta posição, se deslocam para o lado que o marcador pedir.



18. COROAR CAVALHEIROS

Os cavalheiros erguem os braços e, ao abaixar, soltam as mãos. Passam a manter os braços balançando, junto ao corpo. São as damas agora, que erguem os braços, de mãos dados, sobre a cabeça dos cavalheiros. Abaixam os braços, com as mãos dados, enlaçando os cavalheiros pela cintura. Se deslocam para o lado que o marcador pedir.



19. DUAS RODAS

As damas levantam os braços, abaixando em seguida. Continuam de mãos dados, sem enlaçar os cavalheiros, mantendo a roda. A roda dos cavalheiros é também mantida. São novamente duas rodas, movimentando, os duos, no mesmo sentido ou não, segundo o comando. Até a contra-ordem!



20. REFORMAR A GRANDE RODA

Os cavalheiros caminham de costas, se colocando entre os damas. Todos se dão as mãos. A roda gira para a direita ou para a esquerda, segundo o comando.



21. DESPEDIDA

De um ponto escolhido da roda os pares se formam novamente, Em fila, saem no GALOPE, acenando para o público. A quadrilha está terminada. Nas Festas Juninas Mineiras, Paranaenses e Paulistas, após o encerramento da quadrilha, os músicos continuam tocando e o espaço é liberado para os casais que queiram dançar


fonte: http://www.infoescola.com/musica/danca-de-quadrilha/